É sabido que, com o advento de novas tecnologias e redes sociais sofrendo grande expansão na cultura contemporânea, um modelo mais caseiro de produção, mixagem e masterização de músicas e voz se tornou muito comum. Assim sendo, entende-se que alguns passos para essas gravações do tipo “faça você mesmo” podem fazer a diferença nesse cenário onde a concorrência ficou cada vez mais acirrada.
Abaixo estão dez dicas, que podem parecer triviais em primeira instância, porém são de suma importância para os que querem começar algo mais grandioso no futuro.
1) Comece com um bom equipamento
Um bom microfone em conjunto com uma boa interface de áudio é uma base legal para uma boa gravação. Não é necessário um microfone de R$2.000,00. Contudo, existem marcas conceituadas no mercado que possuem equipamentos a valores acessíveis e com um custo-benefício plausível também. Para gravações de voz, por exemplo, os microfones condensadores são mais usados.
A interface de áudio deve possuir amplificadores limpos e que introduzam o mínimo de ruído possível nas gravações. Além disso, a aplicação de irá utilizar para a gravação é algo importante também, pois só assim poderá se evitar variações e problemas de latência. Permita-se um tempo para conhecer bem seu equipamento, além de se adequar a ele antes de começar qualquer trabalho.
2) Formato correto de gravação
É preciso decidir o formato de gravação antes de começar o trabalho. Uma configuração mínima é 16 bit a 44.100 kHz e extensões de arquivo como .wav ou .aiff. Além disso, vale salientar: Não grave nada em .mp3, pois este formato não captura todo o espectro original das frequências de áudio. Contudo, se realmente for trabalhar com o .mp3, não faça nada abaixo de 320 kbps.
3) Disposição do(s) microfone(s)
O microfone deve ser posicionado levando-se em consideração a correta distância da boca, por exemplo, para poder capturar a completa extensão do áudio. Uma maneira simples de começar sem errar é manter a boca numa distância de aproximadamente 20 centímetros do microfone – simples! Se estiver perto demais, a respiração e os estalos podem atrapalhar e, se longe demais, o vocal irá parecer distante e quadrado. Se o cantor(a) precisar cantar mais alto em algumas partes, nada que um pouco de distanciamento não resolva.
Além disso, procure usar uma tela de proteção (pop filter), pois ela filtrará ruídos de respiração e estalos dos sons causados pela pronúncia das letras “p” e “b”. Estes tipos de situações são trabalhosas para se ajustar depois.
4) Níveis da gravação
Certifique-se sempre de que os níveis estejam adequados. Lembre-se que, como os semáforos: Verde está OK, Amarelo – preste atenção e Vermelho significa pare! Isto é muito importante para evitar cortes nas ondas, uma vez que sons ultrapassando 0 dB são indicados, via de regra, pelas luzes vermelhas. Distorções causadas por esses cortes causam danos irreversíveis na gravação e, infelizmente, não podem ser ajustados depois. Mas também não vá tão baixo, pois isso acarretará muito ruído no sinal. Um nível adequado seria manter qualquer coisa entre -6 dB e -4 dB. Vale ressaltar aqui que os níveis podem variar durante as gravações, ou seja, esteja sempre de olho.
5) Não se pode ajustar depois
Não deixe seus erros para corrigir na mixagem. Os estágios de pós-produção podem aperfeiçoar bastante seu som, porém tudo irá depender de como está sua gravação original. Uma boa gravação resulta em uma boa mixagem!
6) Ruídos são seus inimigos
Garanta que dispositivos como ventiladores e ar condicionado estejam desligados. Além disso, feche todas as portas do local e tente fazer com que o cachorro do seu vizinho se distraia durante o período que estiver gravando. Durante o processo, também é importante manter o computador distante dos captadores de áudio, uma vez que o ventilador da CPU produz um ruído que pode interferir. Um tripé para apoiar o microfone é importante também, pois reduzirá a chance de captar sons causados pelos movimentos das mãos.
7) Afinação
Verifique sempre a afinação de todos os instrumentos. A probabilidade de eles desafinarem durante os períodos de gravação é grande e deve-se sempre afiná-los novamente. Durante os vocais, não imagine que o “auto tune” pode corrigir tudo, pois não pode. Uma gravação perfeita pode demorar mais tempo e exigir diversas tomadas, mas no final vale a pena.
8) Grave a seco
O melhor dos mundos é gravar todos os instrumentos e vocais sem nenhum efeito de áudio, pois desta maneira há uma flexibilidade maior para trabalhar no período de pós-produção. Uma vez adicionado durante a gravação, o efeito torna-se uma característica permanente do áudio e não há como ajustar mais tarde. Caso algum efeito ou elemento seja introduzido, tente mantê-lo no mínimo.
9) Treine seus ouvidos e mente
Suas gravações serão tão boas quanto seus ouvidos permitirem. Antes de começar, tente escutar grandes trabalhos e gravações profissionais para condicionar seus ouvidos e mentes. Logo após, compare sua produção com elas e, caso você não esteja satisfeito, faça testes com seus mecanismos e aplicações para aperfeiçoar as técnicas, leia bastante e sempre busque conhecimento… Se aprimore a cada dia. Não há atalhos para adquirir experiência e conhecimento.
10) Não se desmotive
Todos aprenderam fazendo – este ditado não podia ser mais pertinente aqui. É óbvio que sua primeira produção não vencerá um Grammy, porém é um bom ponto de partida. Todos cometem diversos erros enquanto estão gravando, até mesmo os mais renomados e experientes artistas e engenheiros de som. Se algo não saiu como previsto, não se desgaste, nem se desmotive. Tente novamente no dia seguinte, e, o mais importante, não fique satisfeito com resultados medianos. Prime sempre pela excelência.
Começar é a chave e, quem sabe você não consiga ganhar o Grammy! 😉