dj magalEstamos iniciando uma nova série de entrevistas com DJs e produtores no blog, sempre às terças-feiras. Os entrevistados podem ser nomes presentes na cena eletrônica à décadas ou novos talentos, importando apenas o conteúdo que eles têm a acrescentar ao nosso blog.

DJ Magal, o primeiro convidado, toca há 28 anos. Começou a carreira no histórico Madame Satã em 1983 e foi residente de vários outros clubes, como Rose Bom Bom, Hoellisch, Columbia e Cais, além de ter tido a prazer de tocar no festival Sonar.

Atualmente mantém residência nos clubes D-Edge e Vegas, toca em baladas pelo mundo afora e ainda dá aulas de discotecagem na Universidade Anhembi Morumbi. Apaixonado por discos de vinil, Magal toca até hoje com eles e conta para nós um pouco dessa experiência. Vamos à entrevista!

Você foi difusor de novas sonoridades no Brasil e é conhecido por estar na vanguarda da música eletrônica brasileira. Como foram as reações do público ao se deparar com novas sonoridades?

Não é fácil introduzir coisas novas numa pista, principalmente com o tipo de música que toco atualmente, que é um Techno mais denso e experimental. Você tem que ter atitude e confiança. Além disso, o público precisa estar antenado e muito bem informado para entender, não pode ser em qualquer lugar. Às vezes isso demora um tempo, mais o resultado final é gratificante. Você sabe que fez a coisa certa quando é reconhecido por isso.

Sua carreira está sendo construída com base em muitos estilos diferentes dentro da música eletrônica. Isso aconteceu sempre naturalmente ou em algum momento foi uma adaptação ao mercado?

Eu sempre gostei de trabalhar desta forma. Desde o começo da minha carreira já tocava vários estilos e me acostumei com isso. Minhas influências todas estão nos meus sets, quem me conhece consegue perceber isso. Após vários anos eu consegui adquirir um estilo próprio de tocar sem precisar seguir as tendências do mercado.

Você sempre tocou com vinil e toca até hoje. Na sua opinião, quais os prós e os contras?

Para mim a qualidade e versatilidade do vinil são incomparáveis. Meu grande problema hoje é o preço e a falta de espaço aqui em casa. Acabei de comprar o Traktor  e uma controladora Kontrol X1. Estou fazendo algumas experiências e estou gostando.

Acredita que o vinil sempre terá espaço ou, com a queda vertiginosa de vendas e surgimento frenético de novas tecnologias, ele poderá realmente desaparecer das cabines?

A cultura DJ está eternamente ligada à arte de tocar com vinil e ao toca discos Technics SL 1200. São dois símbolos de uma geração, pois foi dessa maneira que tudo começou. Recentemente a Panasonic comunicou o fim da produção (falamos sobre isso aqui) desse equipamento, mas não acredito que será o fim da discotecagem com vinil. Isso pode até ficar restrito a alguns pouco clubs ao redor do mundo, mas nunca vai desaparecer.

Você sempre foi conhecido por ser DJ e, mesmo hoje lançando faixas próprias, acredito que continua sendo muito mais conhecido como DJ. Acha que ainda é possível sobreviver  apenas como DJ? Como começou a produzir?

Hoje em dia se um DJ que quer ser reconhecido fora do País precisa produzir. Isso é fato! Você pode “sobreviver” apenas como DJ, mas tem quer ser muito bom nisso. Eu sempre gostei de ouvir e tocar música, daí a curiosidade em saber como se faz. Na minha vida isso foi uma consequência, mas tenho muito o que aprender ainda.

Você tem quase 30 anos de carreira e toca em alguns dos melhores clubs de São Paulo. Como formar uma carreira sólida e obter sucesso profissional? O que diria para as novas gerações de DJs?

Eu tenho muito amor pelo que faço e me orgulho disso. Nao sou apenas reconhecido por ser um bom DJ. As pessoas gostam de trabalhar comigo porque eu levo a coisa a sério, sou muito profissional. Nas noites em que acontecem meus projetos eu sou um dos primeiros a chegar no club. Checo os equipamentos pra ver se esta tudo em ordem. Se precisar de ajuda no bar, na porta ou em qualquer lugar, eu ajudo. Tem também o lance da pesquisa que é muito importante. Eu quero ser diferente, quero que meu set seja diferente. Pra isso eu gasto horas, dias, meses pesquisando músicas de todas as épocas e estilos. Outra coisa que faço é ir uma vez por ano para Europa. Vou para tocar, manter contato com DJs e produtores, e saber o que rola nos clubs.

Por fim, em toda sua carreira você pôde acompanhar o desenvolvimento da cena eletrônica e muitas mudanças. O que pode destacar para nós?

O profissionalismo dos clubs, isso é uma coisa que merece ser destacada. Eu gosto muito do que vejo hoje em dia, mudou bastante. A tecnologia também evoluiu e sempre me surpreende muito. Pra quem viu como era lá no começo e o que eu sofria… Hoje eu estou no paraíso!

Para conhecer mais sobre o DJ Magal: Site Oficial, Myspace e Soundcloud.

DJ Magal live at D-Edge ( Cio ) 14-04-10

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